A paternidade vai muito além do laço biológico. Em um mundo onde as famílias se formam de diferentes formas, o Direito tem acompanhado essa realidade e reconhecido aquilo que a vida já mostrou ser verdade: o afeto, a convivência e o cuidado diário podem, sim, criar laços tão fortes quanto os genéticos. É dentro desse contexto que ganha cada vez mais espaço o reconhecimento da paternidade socioafetiva. Mas afinal, o que é a paternidade socioafetiva? Como ela pode ser reconhecida legalmente? Quais são os efeitos e as novidades jurídicas sobre o tema? Neste artigo, você vai entender de forma clara e objetiva tudo o que precisa saber sobre esse importante instituto do Direito de Família.
A paternidade socioafetiva é aquela que nasce do vínculo construído com base no afeto, na convivência e no cuidado. Trata-se de uma relação onde uma pessoa, mesmo sem ter ligação biológica com a criança ou adolescente, assume espontaneamente o papel de pai ou mãe. Em outras palavras, é quem cria, cuida, educa e oferece amor, ainda que não tenha gerado. Esse vínculo, quando reconhecido juridicamente, garante ao filho todos os direitos de uma filiação, como:
O reconhecimento da paternidade socioafetiva é respaldado por decisões importantes da Justiça brasileira. Em 2016, o Supremo Tribunal Federal reconheceu sua validade jurídica ao julgar o Recurso Extraordinário 898.060. A Corte firmou o entendimento de que a paternidade socioafetiva, mesmo sem vínculo biológico, gera os mesmos efeitos da filiação legal. Além disso, o Conselho Nacional de Justiça regulamentou o tema por meio do Provimento 63 de 2017, permitindo que o reconhecimento da paternidade socioafetiva seja feito diretamente em cartório, sem necessidade de processo judicial, desde que haja consentimento das partes envolvidas.
Existem duas formas principais de reconhecimento: extrajudicial, feito em cartório, e judicial, quando há algum tipo de conflito ou impedimento.
É permitido para pessoas maiores de 12 anos e exige o consentimento expresso da criança ou adolescente, do pai ou mãe biológico e do reconhecedor. É necessário comparecer ao cartório com os documentos pessoais e estar acompanhado por um advogado. O nome do pai ou mãe socioafetivo será incluído na certidão de nascimento com os mesmos efeitos legais da paternidade biológica.
É indicado quando não há consenso entre as partes, quando o pai ou mãe biológico não concorda ou está ausente, ou quando se deseja reconhecer uma relação socioafetiva pós-morte.Nesse caso, um processo é iniciado e o juiz analisará provas da relação socioafetiva, como testemunhos, documentos, registros de convivência, inclusão em plano de saúde e outros elementos que demonstrem o vínculo.
Sim. O ordenamento jurídico brasileiro já reconhece a possibilidade de multiparentalidade, ou seja, o registro de mais de um pai ou mais de uma mãe. Assim, um filho pode ter o pai biológico e o pai socioafetivo legalmente reconhecidos, com ambos constando na certidão de nascimento. Essa possibilidade vem sendo aceita nos tribunais com base no princípio do melhor interesse da criança.
O reconhecimento da paternidade socioafetiva gera efeitos iguais aos da paternidade biológica. Isso inclui:
Além disso, uma vez reconhecido, o vínculo não pode ser desfeito de maneira simples, pois está protegido pelos princípios da dignidade da pessoa humana e do melhor interesse do filho.
Embora o procedimento em cartório seja possível, o acompanhamento jurídico é fundamental para garantir que tudo seja feito corretamente, com segurança e respeito aos direitos de todas as partes. Um advogado especializado poderá orientar sobre os documentos necessários, ajudar na coleta de provas da relação socioafetiva, intermediar a formalização do vínculo e atuar judicialmente, quando necessário.
Nosso escritório está pronto para te orientar em cada passo, com sensibilidade e conhecimento técnico. Atuamos em casos de reconhecimento de paternidade, guarda, convivência, multiparentalidade e todos os aspectos do Direito de Família. Se você construiu um vínculo de afeto e cuidado que merece ser reconhecido legalmente, conte conosco para ajudar a transformar esse amor em direito.